No tempo da guerra fria havia uma supervalorização da oposição entre capitalismo e socialismo, como se esses fossem os únicos caminhos possíveis para a humanidade. Hoje, tal maneira de pensar está superada, pois a mesma já não tem base de sustentação na realidade.
Os anos 90 marcam o fim da confrontação entre os blocos capitalista e socialista e o início da formação de uma nova ordem internacional. Tal ordem caracteriza-se mais pelo confronto econômico do que pelo confronto político-ideológico ou mesmo militar.
Com as mudanças nos países socialistas e o consequente fim da guerra fria, tantas foram as transformações que, algum tempo atrás, ninguém ousaria prevê-las. Por isso, dificilmente hoje alguém arriscaria uma resposta para as seguintes perguntas: Surgirão no mundo novas superpotências militares? A nova ordem mundial será monopolar (uma só superpotência) ou multipolar (diversas superpotências)? Aumentarão ou diminuirão os conflitos armados em nosso planeta?
É provável que, nos próximos anos, a tarefa de guarda do mundo capitalista seja dividida entre Estados Unidos, Japão e Europa. É claro, no entanto, que esses três blocos capitalistas não formam um conjunto totalmente coeso. A Europa, por exemplo, por motivos históricos e culturais, sente grande necessidade de libertar-se da tutela dos Estados Unidos. Ela tende a vê-los como um filho adolescente rebelde.
Com o Japão é diferente, pois ele precisa do apoio militar dos Estados Unidos, que a Europa não necessita. Além disso, há a capacidade de pesquisa e desenvolvimento que os Estados Unidos podem oferecer ao Japão.
O fim da guerra fria, que representou o fim da bipolaridade Leste X Oeste, não representou o fim das tensões e dos conflitos. Hoje, além do contraste Norte X Sul, temos confrontos étnicos nacionais, culturais e religiosos, raciais, ecológicos.
E o que ameaça os países ricos já não é o comunismo, mas a onda de refugiados vindos dos países pobres do mundo. E onda de refugiados é que constitui, no momento, o principal foco de tensões e conflitos.
Os invasores, também chamados de "novos bárbaros", despertam o temor e a reação dos países ricos, que hoje já não precisam de tanta força de trabalho barata como nos anos 60 e 70. A reação muitas vezes em forma de racismo contra esses invasores de costumes diferentes e que, geralmente, não falam o idioma do país que invadem.
De 1981 a 1990, cerca de 8 milhões de estrangeiros entraram e fixaram residência nos Estados Unidos. A década de 80 só perde para os primeiros dez anos do século XX quando entraram 8,8 milhões de estrangeiros no país. Atualmente a previsão é de que, apesar das pressões dos cidadãos norte-americanos, dificilmente os Estados Unidos conseguirão reverter a onda migratória dos "novos bárbaros". A consequência mais visível e perversa dessa onda invasora são os 33,6 milhões de pobres que vivem hoje nos EUA.
Na Europa a situação não é diferente. Lá vivem, só para citar um exemplo, 12 milhões de muçulmanos que, devido à sua religião, costumes e tradições, são inassimiláveis. Eles vivem amontoados em guetos, onde com frequência são vítimas de agressões. Hoje, mais do que nunca, novas ondas de invasores chegam à Europa, vindos do Leste Europeu, do norte da África e da América Latina. A tendência dos europeus é mandar esses imigrantes de volta a seus países, pois a Comunidade Europeia já conta atualmente com 50 milhões de pobres. Além disso, conta com 6 milhões de desempregados, 1 milhão de sem-teto e 16 milhões de analfabetos.
Um fato que convém salientar é que o fim da guerra fria conseguiu esvaziar o poder de certos Estados, principalmente no Ocidente, que por décadas apregoaram a necessidade de se armarem para enfrentar o bloco socialista. Tal fato pode significar o início de um período de prosperidade para o planeta. Mas, para tanto, é preciso acabar ou, pelo menos, diminuir as desigualdades sociais entre países ricos e pobres. Sem isso, a eclosão de conflitos será inevitável.
Questões Propostas.
1. Como podemos caracterizar a nova ordem internacional e qual a sua diferença com a existente no tempo da guerra fria?
2. Que tipos de tensões e conflitos se verificam no mundo hoje?
3. Que ameaça os países ricos enfrentam hoje?
4. Quem são os "novos bárbaros"? Como os ricos reagem diante deles?
5. De onde se originam os invasores quechegam à Europa?
6. Afastado o perigo que representava o bloco socialista, por que a eclosão de conflitos será inevitável?
Tancredo