O prédio da Escola Normal, inaugurado em 14 de agosto de 1930, assinala a sua importância arquitetônica pela inserção na Praça Antônio Carlos.
O conjunto mostra o requinte das construções atestando a pujança de Juiz de Fora e o momento de uma política bem direcionada por Antônio Carlos Ribeiro de Andrada.
Assinado por Lourenço Baeta Neves, professor da Universidade de Minas Gerais, o projeto foi entregue à Cia. Industrial e Construtora Pantaleone Arcuri, responsável por inúmeras construções em Juiz de Fora.
Os engenheiros Bênjamin Quadros, Joaquim Ribeiro de Oliveira, Luiz Gonzaga Ribeiro de Oliveira e Rafael Arcuri prestaram assistência técnica. Toda a equipe foi responsável por um alto padrão arquitetônico e teve apoio da firma Sangiorgi & Oliveira no serviço de iluminação.
Educador com passagem pelas salas da antiga Escola Normal no Palacete Santa Mafalda, Antônio Carlos destacou Juiz de Fora quando da presidência do Estado de Minas Gerais e foi responsável pela realização de um plano que firmou um padrão arquitetônico para a construção de prédios escolares.
O edifício da Escola Normal nasce na confluência da Rua Espírito Santo com a Avenida Getúlio Vargas. De influência positivista, o prédio representa uma triangulação pontuada por três torreões de quatro andares.
A entrada principal, onde o piso de fundo branco é pontuado por adornos em estilo de mosaico ordenado, dialoga com a escadaria de mármore branco.
Três portas abrem-se para o hall. A porta central resgata a Porta Rex, usada na cenografia grega, ladeada pelas outras duas ampliando o acesso ao prédio. A proporção monumental, para a época, organizava-se dentro de um equilíbrio neoclássico juntando elementos ecléticos.
Os torreões unidos por pavilhões de três andares encimados por terraços. A volumetria de composição da horizontalidade dos blocos de união junta-se à verticalidade dos torreões adornados por colunas encimadas por detalhes ornamentais, envolvendo as armas de Minas.
As altas portas e janelas verticais com vidraças jateadas dão ao interior uma luminosidade difusa e funcional
A nobreza do mármore branco da escada juntamente com o elevador permitem o acesso ao Salão Nobre.
O Salão Nobre é uma homenagem ao Presidente Antônio Carlos. Sua fisionomia tranquila, captada pelos pincéis de Boscagli, ocupa a parede ladeada pelas portas de entrada. Colunas róseas verticalizam a horizontalidade do Salão e dialogam com sancas florais de onde pendem lustres em tom bronze.
No saguão Prof. Oswaldo Veloso, o imaginário cívico é despertado por reproduções de pinturas famosas e emblemáticas.
Reproduzidas por Hermelinda Repetto, esposa do advogado e professor Américo Repetto, segundo diretor da Instituição as telas de 2,80 X 2,50 cm copiam os quadros "Anchieta escrevendo sobre a areia", de Benedito Calixto, "A primeira missa do Brasil", de Victor Meirelles e a "Proclamação da Independência", de Pedro Américo. As telas ocupam as paredes do saguão, pontificado pela escada que leva ao segundo pavimento, onde o Salão Antônio Carlos mostra uma decoração requintada.
Antônio Carlos Ribeiro de Andrada
Presidente de Minas Gerais e articulador da Aliança Liberal. Descendente direto de José Bonifácio de Andrada e Silva, Antônio Carlos pertenceu à primeira geração da família a nascer em Minas Gerais - seu pai, sobrinho do Patriarca da Independência mudou-se de Santos, onde a família Andrada vivia, para Barbacena por motivos de saúde. Ingressou na carreira política em 1896, como vereador em Juiz de Fora. Ocupou a Secretaria de Finanças do governo estadual de Francisco Sales em 1902 e em 1911 foi eleito deputado federal, cargo que ocupou até 1917, quando foi convidado para ser ministro da Fazenda do governo Wenceslau Brás. Voltou à Câmara Federal em 1919 e permaneceu até 1925. No ano seguinte elegeu-se presidente de Minas Gerais.
Seguindo a política do "café com leite", na qual candidatos paulistas e mineiros revezavam-se no poder desde a República Velha, o próximo passo na carreira de Antônio Carlos seria a candidatura à Presidência da República, com apoio do presidente Washington Luís, de São Paulo. Ao perceber, em 1929, que o presidente não respeitaria a alternância de governantes e indicaria Júlio Prestes - também de São Paulo - à sua sucessão, articulou uma coligação com os governos do Rio Grande do Sul e da Paraíba, a chamada Aliança Liberal, e arquitetou a candidatura de Getúlio Vargas à presidência.
Até o lançamento oficial da candidatura, em 1930, foram feitas diversas negociações com Washington Luís para que ele não indicasse Júlio Prestes, mas o presidente não cedeu. Neste período, paralelamente, Antônio Carlos e Getúlio, entre outros líderes da aliança, mantiveram contatos com ex-combatentes das revoltas tenentistas, além de comprarem armamentos. Com a derrota nas urnas e o surgimento de levantes armados na Paraíba, que resultaram na morte de João Pessoa, vice de Getúlio, iniciou-se a revolução, que derrubou Washington Luís e colocou o político gaúcho em seu lugar, ocupando o cargo até 1945.
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