1. (Enem - 2010) A charge remete ao contexto do movimento que ficou conhecido como Diretas Já, ocorrido entre os anos de 1983 e 1984. O elemento histórico evidenciado na imagem é:
a. a insistência dos grupos políticos de esquerda em realizar atos políticos ilegais e com poucas chances de serem vitoriosos.
b. a mobilização em torno da luta pela democracia frente ao regime militar, cada vez mais desacreditado.
c. o diálogo dos movimentos sociais e dos partidos políticos, então existentes, com os setores do governo interessados em negociar a abertura.
d. a insatisfação popular diante da atuação dos partidos políticos de oposição ao regime militar criados no início dos anos 80.
e. a capacidade do regime militar em impedir que as manifestações políticas acontecessem.
2. (Enem - 2010)
A gente não sabemos escolher presidente
A gente não sabemos tomar conta da gente
A gente não sabemos nem escovar os dentes
Tem gringo pensando que nóis é indigente
Inútil
A gente somos inútil
MOREIRA. R. Inútil. 1983 (fragmento)
O fragmento integra a letra de uma canção gravada em momento de intensa mobilização política. A canção foi censurada por estar associada:
a. ao rock nacional, que sofreu limitações desde o início da ditadura militar.
b. a uma crítica ao regime ditatorial que, mesmo em sua fase final, impedia a escolha popular do presidente.
c. à falta de conteúdo relevante, pois o Estado buscava, naquele contexto, a conscientização da sociedade por meio da música.
d. à dominação cultural dos Estados Unidos da América sobre a sociedade brasileira, que o regime militar pretendia esconder.
e. à alusão à baixa escolaridade e à falta de consciência política do povo brasileiro.
3. (Enem -2010)
O mestre-sala dos mares
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o almirante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam nas costas
dos negros pelas pontas das chibatas...
BLANC, A, BOSCO, J. O mestre-sala dos mares.
Na história brasileira, a chamada Revolta da Chibata, liderada por João Cândido, e descrita na música, foi:
a. a rebelião de escravos contra os castigos físicos, ocorrida na Bahia, em 1848, e repetida no Rio de Janeiro.
b. a revolta, no porto de Salvador, em 1860, de marinheiros dos navios que faziam o tráfico negreiro.
c. o protesto, ocorrido no Exército, em 1865, contra o castigo de chibatadas em soldados desertores na Guerra do Paraguai.
d. a rebelião dos marinheiros, negros e mulatos, em 1910, contra os castigos e as condições de trabalho na Marinha de Guerra.
e. o protesto popular contra o aumento do custo de vida no Rio de Janeiro, em 1917, dissolvido, a chibatadas, pela polícia.
4. (Enem - 2010) A foto revela um momento da Guerra do Vietnã (1965-1975), conflito militar cuja cobertura jornalística utilizou, em grande escala, a fotografia e a televisão. Um dos papéis exercidos pelos meios de comunicação na cobertura dessa guerra, evidenciado pela foto, foi:
a. demonstrar as diferenças culturais existentes entre norte-americanos e vietnamitas.
b. defender a necessidade de intervenções armadas em países comunistas.
c. denunciar os abusos cometidos pela intervenção militar norte-americana.
d. divulgar valores que questionavam as ações do governo vietnamita.
e. revela a superioridade militar dos Estados Unidos da América.
5. (Enem - 2012) Na regulação de matérias culturalmente delicadas, como, por exemplo, a linguagem oficial, os currículos da educação pública, o status das Igrejas e das comunidades religiosas, as normas do direito penal (por exemplo, quanto ao aborto), mas também em assuntos menos chamativos, como, por exemplo, a posição da família e dos consórcios semelhantes ao matrimônio, a aceitação de normas de segurança ou a delimitação das esferas pública e privada - em tudo isso refere-se amiúde apenas o autoentendimento ético-político de uma cultura majoritária, dominante por motivos históricos. Por causa de tais regras, implicitamente repressivas, mesmo dentro de uma comunidade republicana que garanta formalmente a igualdade de direitos para todos pode eclodir um conflito cultural movido pelas minorias desprezadas contra a cultura da maioria.
HABERMAS, J. A inclusão do outro: estudos de teoria política. São Paulo: Loyola, 2002.
A reivindicação dos direitos culturais das minorias, como exposto por Habermas, encontra amparo nas democracias contemporâneas, na medida em que se alcança:
a. a secessão, pela qual a minoria discriminada obteria a igualdade de direitos na condição da sua concentração espacial, num tipo de independência nacional.
b. a reunificação da sociedade que se encontra fragmentada em grupos de diferentes comunidades étnicas, confissões religiosas e formas de vida, em torno da coesão de uma cultura política nacional.
c. a coexistência das diferenças, considerando a possibilidade de os discursos de autoentendimento se submeterem ao debate público, cientes de que estarão vinculados à coerção do melhor argumento.
d. a autonomia dos indivíduos que, ao chegarem à vida adulta, tenham condições de se libertar das tradições de suas origens em nome da harmonia da política nacional.
e. o desaparecimento de quaisquer limitações, tais como linguagem política ou distintas convenções de comportamento, para compor a arena política a ser compartilhada.
6. (Enem - 2014) Parecer CNE/CP nº 3/2004, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Procura-se oferecer uma resposta, entre outras, na área da educação, à demanda da população afrodescendente, no sentido de políticas de ações afirmativas. Propõe a divulgação e a produção de conhecimentos, a formação de atitudes, posturas que eduquem cidadãos orgulhosos de seu pertencimento étnico-racial - descendentes de africanos, povos indígenas, descendentes de europeus, de asiáticos - para interagirem na construção de uma nação democrática, em que todos igualmente tenham seus direitos garantidos.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação.
A orientação adotada por esse parecer fundamenta uma política pública e associa o princípio da inclusão social a:
a. Práticas de valorização identitária.
b. Medidas de compensação econômica.
c. Dispositivos de liberdade de expressão.
d. Estratégias de qualificação profissional.
e. Instrumentos de modernização jurídica.
7. (Enem - 2014) A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos "das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos". Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade.
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia das Letras, 2010.
Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como:
a. busca por bens materiais e títulos de nobreza.
b. plenitude espiritual e ascese pessoal.
c. finalidade das ações e condutas humanas.
d. conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.
e. expressão do sucesso individual e reconhecimento público.
8. (Enem - 2013) Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada de empreendimento tecnológico. Essa meta foi proposta pela primeira vez no início da Modernidade, como expectativa de que o homem poderia dominar a natureza. No entanto, essa expectativa, convertida em programa anunciado por pensadores como Descartes e Bacon e impulsionado pelo Iluminismo, não surgiu "de um prazer de poder", "de um mero imperialismo humano", mas da aspiração de libertar o homem e de enriquecer sua vida, física e culturalmente.
CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques. Scientiae Studia, São Paulo, v.2. n. 4, 2004.
Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência como uma forma de saber que almeja libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse contexto, a investigação científica consiste em:
a. expor a essência da verdade e resolver definitivamente as disputas teóricas ainda existentes.
b. oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia.
c. ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do saber que almejam o progresso.
d. explicar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos.
e. explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor limites aos debates acadêmicos.
9. (Enem - 2013) Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém todas as tentativas para descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento.
KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994. Adaptado.
O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que:
a. assumem pontos de vista opostos acerca da natureza de conhecimento.
b. defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos somente o ceticismo.
c. revelam a relação de interdependência entre os dados da experiência e a reflexão filosófica.
d. apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação aos objetos.
e. refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas recusadas por Kant.
10. (Enem - 2011) A imagem representa as manifestações nas ruas da cidade do Rio de Janeiro, na primeira década do século XX, que integraram a Revolta da Vacina. Considerando o contexto político-social da época, essa revolta revela
a. a insatisfação da população com os benefícios de uma modernização urbana autoritária.
b. a consciência da população pobre sobre a necessidade de vacinação para a erradicação das epidemias.
c. a garantia do processo democrático instaurado com a República, através da defesa da liberdade de expressão da população.
d. o planejamento do governo republicano na área de saúde, que abrangia a população em geral.
e. o apoio ao governo republicano pela atitude de vacinar toda a população em vez de privilegiar a elite.