Entre os traços culturais em comum que garantiam uniformidade cultural para os Tupi-Guarani estava a guerra.
Esses povos realizavam, por exemplo, expedições para capturar guerreiros, numa tradição estabelecida para vingar os ancestrais mortos. No campo de batalha, o opositor morto ou ferido era devorado. Os prisioneiros eram conduzidos às aldeias, onde acabavam mortos em rituais que reuniam os integrantes da comunidade e das aldeias aliadas.
Antes de ser morto, muitas vezes, o prisioneiro passava a integrar a rotina da aldeia e podia viver assim por anos. Sob a responsabilidade daquele que o prendeu, podia até mesmo se casar com uma das mulheres do lugar. Ser prisioneiro não representava desonra. Ao contrário, para um guerreiro o pior era ter uma morte natural. Afinal, acreditava-se que os guerreiros tinham como destino o lugar habitado pelos ancestrais.
O dia do sacrifício era uma data de muita festa na tribo, celebrada com um grande banquete, do qual participavam convidados de outras aldeias e o próprio prisioneiro. Ao final, ele era morto e seu corpo cortado em pedaços, que eram cozidos e repartidos entre os presentes. Para o prisioneiro, morrer em combate era um meio de unir-se aos ancestrais; para os vencedores, comer a carne do inimigo era uma maneira de assimilar sua força e coragem e vingar a morte de parentes.