- No início, os empresários impuseram duras condições aos operários, como baixíssimos salários e desumanas jornadas de trabalho (que chegavam a 17 horas diárias), para ampliar a produção e garantir uma margem de lucro crescente.
A Revolução Industrial teve consequências dramáticas para todos os grupos de trabalhadores. Os operários nas fábricas, os mineiros nas minas de carvão, os artífices nas suas oficinas, e os camponeses na terra, tinham de se ajustar a um modo de vida inteiramente novo. Muitos entraram nas fábricas com grande relutância. Para os artífices respeitáveis, as fabricas pareciam atrair os operários do mais baixo estofo e tais estabelecimentos começaram a ser considerados quase como prisões ou asilo. Os males sociais das fábricas, das cidades fabris e minerais, e as tragédias dos trabalhadores domésticos agora desempregados estavam entre os primeiros aspectos da nova ordem que requeria a atenção dos reformadores.
Os trabalhadores achavam, pois, difícil adaptar-se à disciplina imposta pela fábrica. No passado, os artífices e os camponeses trabalhavam muitas horas, mas podiam descansar de vez em quando. A máquina cruel, contudo, precisava de atenção constante. A pontualidade e a rigorosa atenção ao trabalho eram reforçadas por multas e pela ameaça de desemprego.
O novo sistema industrial arruinou a saúde de muitos trabalhadores. Quase todas as indústrias tinham as suas doenças características e as suas deformidades físicas. Os oleiros, os pintores e os cortadores de arame sofriam de envenenamento pelo chumbo; os mineiros de tuberculose, de anemia, da vista e de deformações da espinha; os afiadores, de asma; os fiandeiros, de perturbações brônquicas; os fabricantes de fósforos, de envenenamento pelo fósforo. Jules Simon, escrevendo acerca das fábricas francesas, declarou: “Os visitantes não podem respirar nesses tristes lugares” (...)
Uma das mais infelizes consequências sociais do primeiro sistema fabril foi a exploração de mulheres e crianças. Antes da Revolução Industrial, empregavam-se em oficinas domésticas. Em Lião, em 1777, havia 3.823 crianças ocupadas no fabrico de sedas, numa força total de trabalho de 9657. Na era das máquinas e da energia a vapor, contudo, as mulheres e as crianças foram empregadas em maior escala do que anteriormente, e a intensidade do seu trabalho aumentou. (...)
No fim das guerras napoleônicas, inquéritos relativos à mão de obra de 41 fábricas escocesas e 48 de Manchester mostraram que metade dos operários eram crianças. Em 1844, um exame de 412 fábricas do Lancashire revelou que 52 por cento dos operários eram mulheres. Os donos das fábricas pagavam menos às mulheres e crianças do que aos homens e achavam que aquelas eram geralmente mais sujeitas à disciplina do sistema fabril.
HENDERSON, W. O. A Revolução Industrial – 1780-1914. Lisboa, Verbo, 1969, p. 122-31.