Em 1929, os Estados Unidos (EUA) mergulharam numa crise econômica que se espalharia por quase todo o planeta na década seguinte, o que levou à Grande Depressão. O choque obrigou os países a reformar o liberalismo, aumentando a intervenção estatal na economia.
ANTECEDENTES
Após a Primeira Guerra Mundial, os EUA assumiram a hegemonia econômica global. O aumento da produção industrial e a melhora do poder aquisitivo da população fizeram o consumo explodir. Os investidores, atraídos pela expansão das empresas, tomavam empréstimos bancários para comprar ações (títulos que representavam o capital das empresas) e revendê-las com lucro. Esse processo especulativo fez com que, de 1925 a 1929, o valor total das ações negociadas subisse de 27 bilhões para 87 bilhões de dólares.
Porém, o consumo não acompanhou o crescimento da produtividade. Além disso, as nações europeias já estavam se recuperando da guerra, e suas exportações competiam com as norte-americanas. O resultado foi a formação de enormes excedentes. O preço dos produtos caiu, cresceu o desemprego e empresas faliram. Ai ficou evidente que as ações estavam sendo negociadas a valores bem acima dos reais. Os acionistas, alarmados com a situação das empresas, tentaram vender todos os títulos na bolsa.
CRASH
Com muita gente querendo vender ações e poucas pessoas dispostas a comprá-las, elas se desvalorizaram. A situação chegou ao extremo em 24 de outubro de 1929, a "quinta-feira negra", quando os preços dos títulos despencaram na Bolsa de Nova York. O episódio ficou conhecido como crash, crack ou quebra da Bolsa de Nova York.
Muitos investidores ficaram pobres da noite para o dia. Nos anos seguintes, milhares de bancos e empresas faliram. A redução dos salários chegou a 60% em 1932. A baixa do preço de matérias-primas e a redução dos créditos norte-americanos a outros países espalharam a crise pelo mundo. No Reino Unido e na Alemanha, por exemplo, o desemprego chegou a 25% em 1932.
NEW DEAL
Foi diagnosticado que a causa da crise era o liberalismo econômico. Influenciado pelas ideias do economista inglês John Keynes, segundo as quais o Estado deve intervir pontualmente na economia, o presidente norte-americano Franklin Roosevelt deu início, em 1933, a um programa de reformas: o New Deal (Novo Acordo).
Roosevelt criou mecanismos de controle de crédito e um banco para financiar as exportações. Fixou salários mínimos, limitou a jornada de trabalho, ampliou a previdência social e investiu em obras públicas. Em 1937, o desemprego havia sido reduzido quase à metade, a renda nacional crescera 70%, e a produção industrial, 64%. Porém, a crise só seria totalmente sanada na Segunda Guerra Mundial, com a intensificação da intervenção estatal e o aumento das exportações.
Na Europa, surgiram as políticas de bem-estar social, nas quais o Estado oferece garantias trabalhistas e serviços como educação e saúde à população. Mas a crise também estimularia o surgimento de regimes extremistas, como o nazismo e o fascismo.
HISTÓRIA HOJE: ESTADO INTERVÉM PARA SALVAR ECONOMIA
A quebra de um dos maiores bancos de investimento dos Estados Unidos (EUA), o Lehman Brothers, em 2008, foi o estopim da maior crise econômica desde a Grande Depressão de 1929. Esses dois acontecimentos, separados por quase 80 anos, guardam relações. Em ambos os casos, por exemplo, o crédito fácil concedido pelo sistema financeiro estimulou o endividamento de pessoas físicas e de empresas, até se tornarem inadimplentes. Com isso, os valores das ações das instituições credoras caíram, e muitas quebraram, provocando desemprego e recessão. Outro ponto em comum foi a intervenção do poder público para salvar a economia. Após a falência do Lehman Brothers, o governo dos EUA injetou bilhões de dólares nos bancos.