A eclosão da Segunda Guerra Mundial, a 1º de setembro de 1939, não chegou a causar grandes transtornos imediatos para a situação brasileira. O hábil político Getúlio Vargas dançava numa corda bamba, sendo pressionado tanto pelas forças totalitárias do nazifascismo quanto pelas liberais, representadas pelas democracias ocidentais. Pendia para este ou aquele lado de acordo com o momento e com as implicações internacionais. E se, por um lado, existiam laços econômicos ligando o Brasil aos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), também era verdade que o País não poderia fugir dos Estados Unidos, empenhados desde o começo do século na hegemonia econômica, política e militar sobre as Américas.
A política externa do Estado Novo caracterizou-se, portanto, pelo pragmatismo, por uma relativa distância dos centros mundiais de poder.
Politicamente, o ministério de Vargas se dividia: Osvaldo Aranha, por exemplo, era francamente favorável aos Estados Unidos, enquanto o jurista Francisco Campos e o General Góis Monteiro pendiam para os alemães.
Mas havia uma questão da maior importância para o Governo brasileiro: a construção da grande usina siderúrgica de Volta Redonda. Para a concretização desse projeto, Vargas teria de contar com o valioso capital norte-americano, que só pôde ser obtido após um habilidoso jogo de pressões e do anúncio de que a empresa alemã Krupp mantinha interesse na construção de Volta Redonda. O subsecretário de estado, Welles, atuou pessoalmente na liberação do financiamento americano à usina siderúrgica brasileira.
A partir de 1941 foi se tornando cada vez mais definida a política externa do Estado Novo. O setor germanófilo do Governo enfraquecia e perdia seu poder de pressão diante das concessões norte-americanas, e Getúlio não só negociava cada vez mais com os Estados Unidos, como prometia importantes acordos militares.
Finalmente, o ataque japonês à grande base americana de Pearl Harbor, no Havaí, em 7 de dezembro de 1941, precipitou o engajamento absoluto dos americanos na guerra, e definiu o rumo de seu aliado brasileiro. Menos de um ano depois, a 31 de agosto de 1942, após intensa campanha de opinião pública, Getúlio Vargas decretava o estado de guerra em todo o território nacional.
(Luiz Galdino. O Estado Novo. São Paulo. Ática. P.22-3. Coleção da História).