A grande propriedade, a família patriarcal e a escravidão foram os pilares básicos da vida colonial no Nordeste brasileiro, estabelecidos na unidade produtora de açúcar: o engenho. Ele era normalmente um grande latifúndio, onde eram produzidos o açúcar e tudo o mais que seus habitantes necessitavam. A vida desses habitantes girava em torno das edificações centrais da fazenda: a casa-grande, a senzala, a capela e a casa do engenho. Na casa-grande reinava o senhor de engenho, que, graças à sua condição de grande proprietário de escravos e terras, tinha todo o poder dentro de sua propriedade e exercia a chefia política na região em que estava estabelecido. Próximas à casa-grande, estavam sempre a capela, local das cerimônias religiosas, e a senzala, a habitação dos trabalhadores escravos. Na casa do engenho ficavam todas as instalações e máquinas necessárias para a fabricação do açúcar.
Como o engenho era praticamente autossuficiente, produzindo tudo o que era necessário para a subsistência de seus habitantes, eram quase nulas as trocas comerciais entre as várias fazendas. Por isso, era difícil a comunicação entre as regiões produtoras de açúcar. Os engenhos ligavam-se mais diretamente a Portugal do que às regiões vizinhas. Os homens livres, que não tinham engenho, geralmente exploravam com seus escravos, áreas de terra (as fazendas obrigadas) cedidas pelo senhor de engenho, devendo moer a cana no engenho do proprietário e entregar-lhe metade da produção, além de uma quantia pelo aluguel da terra.
O poder do senhor de engenho estendia-se sobre todas as pessoas que viviam ao seu redor: familiares, escravos, lavradores livres ou obrigados, e agregados (elementos que, na fazenda, viviam dos favores do senhor de engenho). Mas os senhores de engenho dominavam também a vida política de sua região, pois apenas os "homens bons", os senhores de terras, podiam ser eleitos para as câmaras municipais das vilas, que eram a base da administração colonial. Como as vilas estavam geralmente muito isoladas dos centros de administração portuguesa, os senhores de engenho conseguiam manter grande independência em relação ao Estado português. Essa situação perdurou até o término do domínio espanhol (1640). A partir de então, o Estado português procurou subordinar de forma mais direta os senhores de engenho, com o objetivo de aumentar as rendas dos comerciantes e da administração portuguesa.