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Brasil: Os Anos 50

Nos anos 50, os brasileiros assistiram ao choque de duas correntes contrárias, havia, de um lado, uma grande nostalgia pelo passado e, de outro, a ânsia de inaugurar o futuro.

Nessa estranha década de 50, dividida em duas partes, todas as transformações eram possíveis. Ligava-se o rádio à espera do Trio Los Panchos cantando bolero e aparecia o pato da Bossa Nova "cantando alegremente quém quém". Ou, então, podia surgir a juventude transviada gritando frases numa língua estranha: "one, two, three, four o ' clock rock".

Naquele tempo, maconha era coisa de maconheiro, ou seja, sujeito desclassificado, marginal. Em compensação, os lança-perfumes eram presença obrigatória em todos os bailes de carnaval.

Moças casavam virgens, mães solteiras acabavam expulsas de casa. Não havia divórcio. Quem se desquitasse podia apenas recasar no México ou no Uruguai. O Brasil era um País católico, com padres que usavam batinas. Às seis horas da tarde, ligava-se o rádio, não para ouvir o engarrafamento do trânsito, ainda raro, mas para seguir a hora da Ave Maria.

Ligava-se o rádio, aliás, todas as horas. A televisão mal ensaiava os primeiros passos no Brasil. O rádio informava e entretia o grande público. Havia novelas bem naquele estilo dramalhão que nos veio de Cuba e programas humorísticos como o "edifício Balança Mas Não Cai". Mas o coração do rádio batia sobretudo com seus cantores: Emilinha Borba, Dalva de Oliveira, Ângela Maria, Orlando Silva, Silvio Caldas, Chico Alves, etc.

Até 1955, foi o ponto mais alto da era do rádio. A partir daí, começou a perder terreno para a televisão.

O primeiro programa da televisão brasileira - TV na Taba - foi ao ar no dia 18 de setembro de 1950, às 22 horas. O apresentador, Homero Silva, mostrou aos telespectadores as diversas possibilidades da nova invenção, exemplificando com pequenas intervenções do cômico Mazzaroppi, do comentarista Aurélio Campos falando sobre esporte e dos atores Lima Duarte e Walter Forster. Participaram desses programas pioneiros Hebe Camargo, Tônia Carrero, John Herbert e Eva Wilma.

Brasil dia a dia. São Paulo, Abril, 1990. p. 30-1. (texto adaptado).

Tancredo Professor . 2024
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