Em 1970, no ano em que o capitão Carlos Alberto fez o quarto gol contra a Itália, na Copa do México (1970), e deu a seleção a Taça Jules Rimet - e o cobiçado tricampeonato mundial - andar de carro nas ruas brasileiras sem uma bandeira verde-amarela tornou-se uma temeridade.
Os adesivos "Brasil: ame-o ou deixe-o" grudaram em todas as faces de um País em que o PIB (Produto Interno Bruto) subia 10% ao ano, as bolsas de valores disparavam, as obras da Transamazônica começavam, e 160 milhões de dólares eram torrados na compra de 16 aviões supersônicos Mirage.
O Brasil estava exaltado. Mas o momento inesquecível de autoestima nacional estava aplicado sobre um fundo falso. O "Brasil Grande", apenas virtual (que podia acontecer). Assim, Médici chorou diante da seca nordestina ao descobrir que a economia ia bem mas o povo ia mal. A Transamazônica, até hoje, é miragem de empreiteiro.
A classe média, entretanto, comemorava as novas possibilidades de consumo. O paraíso nos anos 70 consistia em tirar o automóvel Corcel da garagem, fazer compras no supermercado Jumbo, ver futebol na maravilha do ano a TV em cores - e sonhar com a próxima viagem a Bariloche, na Argentina.
Veja - retrospectiva de um quarto de século.
27 de outubro/93. p.23 (texto adaptado)
In. História e Reflexão. Gilberto Cotrim,
Ed. Saraiva. Pág. 168-169.