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A Revolução de 1930

O texto apresenta as causas econômicas, políticas e sociais que levaram à Revolução de 1930, que são também as razões da fácil vitória dos revoltosos.

 

O processo revolucionário que liquidou a República Velha em 1930 foi precipitado por uma profunda insatisfação popular e uma grave crise econômica e política.

No final de 1929, já havia quase dois milhões de desempregados por todo o País. A aguda crise mundial deflagrada pela "quebra" da Bolsa de Nova Iorque atingiu duramente a economia brasileira. Fábricas fechavam, ocorriam demissões em massa e os salários despencavam. As cotações do café no mercado internacional iam por água abaixo. Principal produto das exportações brasileiras, o café permanecia estocado, sem compradores. O pânico se alastrava entre os fazendeiros, a fome e o desemprego assombravam o povo.

Ao mesmo tempo, o sistema político predominante na República Velha, o chamado esquema do "café com leite", em que São Paulo e Minas Gerais alternavam-se na presidência do Brasil, sofreu um grande abalo. Atendendo aos interesses dos fazendeiros paulistas, o presidente Washington Luís impôs o nome de Júlio Prestes para sua sucessão em 1930, quebrando o acordo feito anteriormente. Inconformado, o Partido Republicano Mineiro uniu-se ao Rio Grande do Sul, formando a Aliança Liberal e lançando a candidatura de Getúlio Vargas.

Essa aliança, entretanto, demonstraria ser muito mais do que um simples acordo eleitoral. Era a expressão da séria situação política e social vivida pelo Brasil. Por trás dela estavam os participantes do movimento tenentista, jovens oficiais que desde 1922 lutavam contra os governantes da República Velha, e que atraíram as atenções das camadas médias urbanas. Líderes como Miguel Costa, Luís Carlos Prestes, Juarez Távora, Siqueira Campos e muitos outros, que eletrizaram o País na campanha da "Coluna Prestes", em 1924-25, representavam cada vez mais um vento de renovação e uma verdadeira perspectiva de mudança, até mesmo para parcelas mais modernas de partidos políticos tradicionais.

Em 1930, a Aliança Liberal era a grande esperança brasileira, com um programa progressista, pretendendo reformar as estruturas viciadas de governo e moralizar a administração pública. O programa anunciado por Getúlio Vargas prometia ainda soluções para a "questão social", isto é, justiça social ao povo.

A derrota eleitoral nas eleições de março de 1930 não acabou com a Aliança. Pelo contrário (apesar da timidez de muitos líderes políticos), a Aliança Liberal, com Getúlio Vargas à frente, finalmente partiu para o assalto armado ao poder e facilmente derrotou a velha situação.

Júlio José Chiavenato. A Revolução de 1930. São Paulo, Ática, 1986, p.2. Coleção O Cotidiano da História.

Tancredo Professor . 2024
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