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No Rio de Janeiro, Miséria e Vacina Obrigatória provocam Revolta Popular

Além das revoltas camponesas no Nordeste e Sul (Canudos e Contestado), o povo das cidades também se revolta. Uma dessas revoltas foi contra a vacina obrigatória. Hoje é normal as pessoas serem vacinadas. Mas naquele tempo, início do século XX, não era bem assim. A vacina era uma novidade e o povo não acreditava nos seus poderes.

Para acabar com a febre amarela, o Dr. Oswaldo Cruz, diretor da Saúde Pública do Rio de Janeiro, mandou matar os mosquitos, que eram os transmissores da doença. Mas o povo achava que os mosquitos nada tinham a ver com a febre amarela e não deixava os mata-mosquitos entrarem nas casas.

Com a varíola, a situação ficou mais grave. O Governo decretou a vacina obrigatória, mas seus adversários políticos diziam que não se podia obrigar ninguém a tomar a vacina. Diziam mais: seria uma falta de respeito obrigar as mulheres a serem vacinadas. O povo não foi esclarecido e todo mundo era vacinado, mesmo à força. Os vacinadores passaram a ser agredidos pela população e o Rio de Janeiro transformou-se num campo de batalha.

Entre os dias 12 e 15 de novembro de 1904, as ruas do Rio de Janeiro foram tomadas pelo povo. A população apedrejou e saqueou casas comerciais, espancou policiais e outras autoridades, invadiu quartéis, construiu barricadas, incendiou bondes. Os líderes dessa revolta foram homens do povo.

Mas por trás da revolta contra a vacina obrigatória estava a insatisfação causada por problemas bem mais sérios: falta de emprego, fome, falta de democracia (eleições fraudulentas), demolições dos cortiços do centro do Rio - desabrigando milhares de pessoas pobres - para embelezar a cidade, etc.

A polícia não perdeu tempo. Milhares de pessoas foram presas, centenas foram desterradas para o Acre e os imigrantes que se envolveram nessas revoltas foram expulsos do Brasil.

A história tradicional costumava relatar que as principais causas da Revolta da Vacina eram a ignorância e a selvageria do povo. No entanto, além da vacina obrigatória, o povo reagia contra o desalojamento, o custo de vida alto, o desemprego urbano e o autoritarismo dos funcionários do governo.

Fonte: PILETTI, Nelson e Claudino. História e Vida. Vol.3. Pág. 67/69. Editora Ática.

 

 

Tancredo Professor . 2024
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