A classe dos fazendeiros do café que, aliada às demais classes rurais nos diversos estados, governava o país em seu proveito, não se mantinha no poder pela força militar, como acontecia em outros países da América do Sul.
Ela se conservava e eternizava no poder graças a uma máquina eleitoral que se estendia por todo o país.
Era como uma pirâmide em cujo ápice se encontrava o Presidente da República, vindo logo abaixo o Partido Republicano Paulista e os Partidos Republicanos Estaduais; e na base, o coronel e sua família, amigos, parentes e dependentes, constituindo as famosas oligarquias estaduais (...)
Para servir aos coronéis, os sertanejos de qualquer categoria social tinham de "votar com ele". Os analfabetos aprendiam, às vezes, a assinar o nome para lançar na urna um voto cujo nome não podiam ler. Em véspera de eleição, os eleitores eram conduzidos em lotes, de qualquer modo, aos locais próximos dos postos eleitorais onde eram guardados, às vezes com sentinelas, nos chamados "quartéis" ou "currais", nos quais se fazia a concentração dos eleitores. O chefe político lhes dava, além da condução, roupa, cachaça e uma papeleta de voto (...).
Fonte: BASBAUM, Leôncio. História Sincera da República. SP. Alfa Ômega. 1981.