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Fim da Guerra Fria e colapso da URSS

Na noite de 9 de novembro de 1989, milhares de berlinenses posisionaram-se nos dois lados do muro que dividia a cidade desde 1961, em um lado comunista e um lado capitalista.

Era um acerto de contas com a história que dividira uma cidade (Berlim) e um país (Alemanha) de acordo com os interesses das superpotências durante a Guerra Fria. Durante a madrugada os manifestantes não se contentavam apenas em subir sobre o muro e passar de um lado ao outro de Berlim. Com pás, marretas e picaretas, os alemães demoliam o símbolo mais concreto da Guerra Fria.

Na foto: Alemães celebrando a abertura das fronteiras entre Berlim Ocidental e Oriental e a derrubada do Muro de Berlim, 10 nov. 1989.

 

 

 

 

Uma série de reformas adotadas pela União Soviética (URSS) nos anos 1980, visando à recuperação da economia, e a ascensão de movimentos nacionalistas e pró-democracia levaram ao esfacelamento da nação, com todo o bloco socialista. Essa derrocada marcou o fim da Guerra Fria, encerrando a polarização entre norte-americanos e soviéticos.

A URSS já passava por uma séria crise ao fim dos 18 anos do governo de Leonid Brejnev, em 1982. A nação ficou estagnada, os gastos com armamentos aumentaram e o país invadiu o Afeganistão (em 1979), fato que contribuiu para enfraquecer ainda mais a economia. O panorama político começou a mudar em 1985, quando Mikhail Gorbatchov assumiu o governo, iniciando duas grandes reformas. Na política, a glasnost (transparência) abrandou a censura e abriu espaço à liberdade de expressão. Na economia, a perestroika (reestruturação) liberalizou a economia, restabelecendo, com limites, a propriedade privada e permitindo a instalação de empresas estrangeiras. Gorbatchov também melhorou as relações com o Ocidente e assinou acordos com os Estados Unidos para frear a corrida armamentista.

 

AGITAÇÃO POLÍTICA

Enquanto a URSS iniciava o processo de abertura política e econômica, movimentos pró-democracia ganhavam força em alguns dos oito países do Leste Europeu que formavam parte do bloco socialista: Polônia, Tchecoslováquia, Romênia, Bulgária, Hungria, Iugoslávia, Albânia e Alemanha Oriental. No passado, era parte da doutrina soviética intervir em nações que se desviassem do socialismo, mas Gorbatchov indicara que não usaria a força para manter o bloco unido.

A derrocada dos governos socialistas no Leste Europeu teve início na Polônia, onde greves culminaram em 1980 na formação, por operários e intelectuais, do sindicato independente Solidariedade ilegal, medida que só seria anulada em 1989. Em junho daquele ano, o Solidariedade venceu as eleições parlamentares e, no ano seguinte, seu líder, Lech Walesa, foi eleito presidente.

 

QUEDA DO MURO DE BERLIM

Na Hungria, a abertura da fronteira com a Áustria, em setembro de 1989, levou milhares de alemães orientais a cruzar o território húngaro em direção ao austríaco, com destino à Alemanha capitalista. Na Tchecoslováquia, os tanques soviéticos esmagaram em 1968 um processo de democratização do socialismo, mas, a partir de 1987, intelectuais tchecos lideraram novo movimento de liberalização. Essa efervescência política se estendeu por todo o Leste Europeu e culminou no episódio que simbolizou a desintegração do bloco: a queda do Muro de Berlim, em novembro de 1989, quando a barreira de concreto foi derrubada pela população. O evento deu início à reunificação da Alemanha, concluída em 1990.

 

O DESMORONAMENTO SOVIÉTICO

Na URSS, a ineficiência da agricultura e as reformas econômicas provocaram escassez de alimentos e aumento da inflação. Ao mesmo tempo, a abertura política fortaleceu os movimentos nacionalistas nas 15 repúblicas que compunham o país. O presidente do Soviete Supremo (Parlamento) da Federação Russa, Boris Iéltsin, defendia a aceleração das reformas e, em agosto de 1991, mobililizou a população para evitar um golpe militar contra Gorbatchov. Depois, Iéltsin promoveu a desmontagem das principais instituições socialistas russas, esvaziando o poder de Gorbatchov, que renunciou no mesmo ano.

Em dezembro de 1991, a superpotência teve fim e, com ela, a Guerra Fria. No lugar da URSS, surgiram 15 repúblicas independentes: Estônia, Lituânia, Letônia, Cazaquistão, Geórgia, Ucrânia, Belarus, Moldávia, Azerbaidjão, Uzbequistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Armênia, Turcomenistão e Rússia.

Nações como a Tchecoslováquia viveram essas transformações de forma pacífica, dividindo-se em dois novos países em 1992: República Tcheca e Eslováquia. Já na Iugoslávia, as rivalidades entre as repúblicas voltaram à tona. O país viveu um sangrento processo de desmembramento, que originou seis novas repúblicas: Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegóvina, Sérvia, Montenegro e Macedônia. Em 2008, o Kosovo declarou independência da Sérvia, mas a província ainda não foi reconhecida pela ONU com Estado independente.

 

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Tancredo

Tancredo Professor . 2024
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